As Mimosas, amarelas e adocicadas, trazem um novo perfume, por vezes inebriante. São bonitas e recordam o sol, na cor, no calor, na transformação. Têm uma enorme capacidade de regeneração e de sobrevivência.
As árvores como os livros têm folhas
e margens lisas ou recortadas,
e capas (isto é copas) e capítulos
de flores e letras de oiro nas lombadas.
E são histórias de reis, histórias de fadas,
as mais fantásticas aventuras,
que se podem ler nas suas páginas,
no pecíolo, no limbo, nas nervuras.
As florestas são imensas bibliotecas,
e até há florestas especializadas,
com faias, bétulas e um letreiro
a dizer: «Floresta das zonas temperadas».
É evidente que não podes plantar
no teu quarto, plátanos ou azinheiras.
Para começar a construir uma biblioteca,
basta um vaso de sardinheiras.
Jorge Sousa Braga, Herbário, Lisboa, Assírio & Alvim, 1999
Jorge Sousa Braga nasceu em 1957, em Vila Verde. O Poeta Nu (1980s). Outros livros de poemas: Fogo sobre Fogo (1998) e A Ferida Aberta (2001)
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