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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Ler e olhar -Jardim Público de Évora


Palácio de D. Manuel e Coreto
Espinheiro e Jardim Público
Os Jardins são espaços de poesia e de ciência. Ontem, 14 de Fevereiro, eu e o Artur fomos até ao Jardim Público, passando primeiro pelo Espinheiro. Queria passear um pouco e observar se árvores estavam já floridas, contrariando o dia frio e cinzento, que apelava a ficar em casa.
Na televisão tinham referido o Jardim Botânico de Coimbra com Magnólias lindíssimas e pensei que a do Jardim Público de Évora também era capaz de já oferecer algumas das suas lindas flores. Mas ainda não. Em breve será.
Informação sobre a magnólia junto do palácio de D. Manuel. Um lindo pavão , dos muitos que podem ser observados nas Ruínas fingidas, criadas por José Cinatti.
Sempre considerei que uma ida, em família, aos jardins, oferece momentos de um enorme enriquecimento e de uma criativa cumplicidade. Descobrir os nomes, científico e vulgar, das árvores, das flores e dos animais, a criação de um herbário com as crianças, trocar corridas e sorrisos, são aprendizagens colectivas e singulares que permanecem ao longo da vida. Eu aprendi a respirá-los, sentir e a respeitar a importância destes espaços e desses momentos ao longo da nossa vida em família.
Aqui ficam olhares sobre o Jardim Público de Évora. Onde até descobrimos uma estátua, para nós, uma novidade! Um tocador de saxofone? Um palhaço?

Lembrei uma ode de Pablo Neruda a um dia feliz, seja ele qual for. Um hino à vida!

Oda al día feliz

Esta vez dejame

Ser feliz,

Nada há pasado a nadie,

No estoy en parte alguna,

Sucede solamente

Que soy feliz

Por los cuatro costados

Del corazón, andando

Durmiendo o escribiendo.

Qué voy a hacerle, soy

Feliz,

Soy más innumerable

Que el pasto

En las praderas,

Siento la piel como un árbol rugoso

Y el agua abajo,

Los pájaros arriba,

El mar como un anillo

En mi cintura,

Hecha de pan y piedra la tierra

El aire canta como una guitarra.

Tú a mi lado en la arena

Eres arena,

Tú cantas y eres canto,

el mundo

Es hoy mi alma

Canto y arena

El mundo

es hoy tu boca,

dejame

en tu boca y en arena

ser feliz,

ser feliz porque sí, porque respiro

y porque tú respiras,

ser feliz porque toco

tu rodilla

y es como si tocara

la piel azul del cielo

y su fescura.

Hoy dejame

A mí solo

Ser feliz,

Com todos o sin todos,

Ser feliz

Con el pasto

Y la arena,

Ser feliz, com el aire y la tierra,

Ser feliz,

Contigo, con tu boca,

Ser feliz.


Pablo Neruda, Antologia (selecção e tradução de josé Bento), Relógio de Água, 1998.


(Pablo Neruda nasceu no Chile em 1904 e morreu em Setembro de 1973 em Santiago, depois do golpe de 11 de Setembro que derruba Allende)

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