Ontem, através do correio electrónico chegaram fotografias que transportaram um dia bonito, céu azul e mar espelhado, do outro lado do oceano - costa Leste americana, Newport. Partilha de momentos felizes e de amizade.
O mar é um fascínio que já ondeou por perto em vivências por outras paragens e que agora se torna miragem na planura. Estas duas fotografias deste mar que distancia e aproxima duas costas vieram ter comigo ontem, assim, e trouxeram-me à memória e aos sentidos o poema de Sophia de Mello Breyner Andresen -Liberdade, em Mar novo.
Aqui nesta praia onde
Não há vestígio de impureza,
Aqui onde há somente
Ondas tombando ininterruptamente
Puro espaço e lúcida unidade,
Aqui o tempo apaixonadamente
Encontra a própria liberdade.
Obrigada amigos pelo gostoso sabor da amizade.
Isabel,
ResponderEliminarEsta entrada no teu blogue faz-me lembrar um belo poema do José Carlos de Vasconcelos sobre esse mesmo Atlântico que nos separa e une. Vem no seu livro "O Mar A Mar A Póvoa (ASA, 2001). Aqui vai ele, com um abraço do
onésimo
Na Póvoa, lembrando o Rio, sem Drummond
Suspeito que se caminhar
sempre a direito
por esse mar de Deus afora,
esse mar de Deus sem fim,
vou dar, sem pôr nem tirar,
à praia de Copacabana:
onde mora
a outra metade de mim,
a metade solar;
onde tenho a cama
sempre aberta e os dentes
de marfim
nas arcas do tesouro;
e meus livros, meus discos,
meu ouro, meu trigo,
minha íntima Passárgada,
meus ombros de barco antigo;
onde tenho o mar a nascente,
os amigos à espera,
e a mesma língua que amo,
tão diferente,
voz misteriosa,
que por toda a parte
me canta ao ouvido
Caetano e Chico Buarque.
E sentindo eu não sinto
nem chegada nem partida:
é o mesmo o mar
e o cais
da nossa vida.
José Carlos de Vasconcelos
Muito obrigada pelo enriquecimento. Lindo. Outro olhar e que fala de outras coisas também importantes porque elementos do quotidiano da vida.
ResponderEliminarGostei muito.